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AMIZADE DENTRO DA IGREJA

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Jn 13, 31-35

É a véspera da sua execução. Jesus está a celebrar a última ceia com os Seus. Acaba de lavar os pés dos Seus discípulos. Judas já tomou a sua decisão trágica, e depois de tomar o último pedaço das mãos de Jesus, partiu para fazer o seu trabalho. Jesus diz em voz alta o que todos estão a sentir: «Meus filhos, já não estarei convosco por muito tempo».

Fala-lhes com ternura. Quer que fiquem gravados no seu coração os Seus últimos gestos e palavras. «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei, amem-se também entre vós. O sinal pelo qual vos conhecerão como Meus discípulos será que vos amais uns aos outros». Este é o testamento de Jesus.

Jesus fala de um «mandamento novo». Onde está a novidade? O lema de amar o próximo já está presente na tradição bíblica. Também os filósofos gregos falam de filantropia e amor a todos os seres humanos. A novidade está na forma de amar própria de Jesus: «Amem-se como eu vos amei». Assim se irá difundindo através dos seus seguidores o seu estilo de amar.

A primeira coisa que os discípulos experimentaram é que Jesus amou-os como amigos: «Não vos chamo servos... a vós que vos tenho chamado amigos». Na Igreja, temos que nos amar simplesmente como amigos e amigas. E entre amigos cuida-se a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum amigo é senhor dos seus amigos.

Por isso, Jesus corta pela raiz as ambições dos Seus discípulos quando os vê a discutir quem é o primeiro. A procura de protagonismos interesseiros quebra a amizade e a comunhão. Jesus lembra-lhes o seu estilo: «Eu não vim para ser servido, mas para servir». Entre amigos, ninguém tem de se impor. Todos devem estar dispostos a servir e colaborar.

Esta amizade vivida pelos seguidores de Jesus não gera uma comunidade fechada. Pelo contrário, o clima cordial e amigável que se vive entre eles prepara-os para acolher aqueles que necessitam de acolhimento e amizade. Jesus ensinou-os a comer com pecadores e com pessoas excluídas e desprezadas. Repreendeu-os por afastarem as crianças. Na comunidade de Jesus, os pequenos não estorvam, mas sim os grandes.

Um dia, Jesus chamou os doze, colocou uma criança no meio deles, segurou-o nos braços e disse: «Aquele que recebe uma criança assim em meu nome, recebe-Me a Mim». Na Igreja desejada por Jesus, os mais pequenos, mais frágeis e vulneráveis devem estar no centro da atenção e do cuidado de todos.

 

José Antonio Pagola

Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

Publicado en www.gruposdejesus.com

 

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